A Casa e o Pavilhão Alaor Prata

A arte apresenta o título: “No meio do caminho, tinha um hospício...”. Ao fundo, aparece a foto da planta de alargamento da Rua Emílio Berla, lateral ao Hospício Nacional de Alienados. Sobreposta, a foto de uma edificação com uma grande varanda e várias janelas abertas, atrás um morro e na frente algumas árvores. Também há um recorte de jornal escrito: “O hospício cresce... E o Sr. Alaor Prata vai dar seu nome a um pavilhão de doidos!”. Abaixo, as legendas: “1- O Plano de Alargamento da Rua Emílio Berla (PA 1564), 1924. Acervo de imagens da SMU; 2- Pavilhão Alaor Prata/Hospício Nacional de Alienados, 1926, Museu da Imagem e do Som; 3- O Hospício cresce... O Brasil (20/06/1926:8). Acervo: Hemeroteca/BN”. No canto direito inferior, há duas circunferências coloridas, uma azul, com o selo de 25 anos da Casa da Ciência, outra amarela, com o desenho de um cérebro no centro, e o logotipo da Casa da Ciência abaixo delas.
1- O Plano de Alargamento da Rua Emílio Berla (PA 1564), 1924. Acervo de imagens da SMU.
2- Pavilhão Alaor Prata/Hospício Nacional de Alienados, 1926, Museu da Imagem e do Som.
3- O hospício cresce… O Brasil (20/06/1926:8). Acervo: Hemeroteca/BN .

Não faz muito tempo, descobrimos que a edificação da Casa da Ciência da UFRJ foi um pavilhão-enfermaria de isolamento, voltado para pacientes tuberculosas do antigo Hospício Nacional de Alienados. Mais um lugar da Praia Vermelha com muitas histórias!

Nas primeiras décadas do século XX, a cidade do Rio sofreu várias intervenções urbanas “em nome da aeração e higiene”. As populações pobres foram sendo expulsas de seus espaços para dar lugar a largas avenidas e terrenos para negócios futuros. Tal prática foi acentuada no período do prefeito Carlos Sampaio (1920-1922), com o início do desmonte do Morro do Castelo e a expansão urbana para a Zona Sul, entre outras áreas, abarcando os bairros da Urca, Praia Vermelha, Botafogo e Copacabana. 

Nessa época, a praia era símbolo de lugar de lazer, espaço de vivência e vantagens medicinais. Simbolismo que também servia a interesses imobiliários. Construía-se o “Rio Cidade Maravilhosa”, cuja imagem de modernidade podia ser apreciada pela Avenida Central, Avenida Beira-Mar, estendendo-se para o litoral oceânico de Copacabana.

Dentro dessa política urbana, o prefeito Alaor Prata (1922-1926), alegando a necessidade de melhorar os acessos da Zona Sul do Rio de Janeiro, negociou parte do terreno do hospício com o diretor Juliano Moreira. Durante as obras, o manicômio sofreu um recorte ao longo do seu muro, pelo lado direito, e algumas demolições. 

Em troca, Juliano Moreira requisitou algumas benfeitorias para o hospício. Uma delas foi a substituição do velho Pavilhão De Simoni (1908) por uma nova edificação, a fim de melhorar a assistência das pacientes alienadas e tuberculosas. 

Em maio de 1926, a nova construção já estava pronta para receber os primeiros pacientes. E, em homenagem ao prefeito, foi denominada Pavilhão Alaor Prata. Isso deu o que falar na época!

Siga nossos posts históricos todas as segundas-feiras.


Referências:

Rio de todos os Brasis (uma reflexão em busca de autoestima) (Carlos Lessa, 2000).

A evolução urbana do Rio de Janeiro (Maurício de Almeida Abreu, 2008).

História do urbanismo no Rio de Janeiro: administração municipal, engenharia e arquitetura dos anos 1920 à ditadura Vargas (Lucia Helena Pereira da Silva, 2003).

A Casa, o espaço e suas funções sociais: a ressignificação do passado no presente (Luciane Correia Simões e Monica Cristina de Moraes, 2015).


Veja:


Leia:

http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/rio-de-janeiro/66-o-rio-de-janeiro-como-distrito-federal-vitrine-cartao-postal-e-palco-da-politica-nacional/2919-o-rio-de-janeiro-transformacoes

https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16168/16168_4.PDF

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *