Campus da Praia Vermelha – UFRJ
Em 25 de outubro de 1948, o reitor da Universidade do Brasil (UB), Pedro Calmon, assumiu o edifício do antigo Hospício Nacional, mas a transferência definitiva do patrimônio só ocorreu, em 1968, quando a UB já havia se tornado Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pela Lei n. 4.759 (20/08/1965).
Calmon acompanhou de perto os projetos de restauro e adaptação do Palácio e de outras edificações do complexo hospitalar. Nos anos seguintes, trabalhou pelo seu tombamento e pela preservação da paisagem da Praia Vermelha, a fim de evitar que novas construções destoassem do conjunto histórico-arquitetônico.
A sede da UB foi inaugurada, no final de 1949, com uma missa na Capela de São Pedro de Alcântara, com a presença do presidente Gaspar Dutra e outras autoridades públicas. Uma preciosidade histórica que foi atingida pelo fogo em 2011. Uma lástima!
Entre as décadas de 1950 e 1960, algumas unidades acadêmicas se instalaram na Praia Vermelha: primeiro, a Escola Nacional de Educação Física e, posteriormente, as faculdades de Arquitetura, Farmácia, Economia e Administração, Educação, Comunicação, Serviço Social etc. Bem próximo, desde 1918, funcionava a Faculdade de Medicina, em um belíssimo palácio neoclássico, que foi demolido em 1975. Um verdadeiro descaso com o bem público!
Além do seu patrimônio histórico, o campus da Praia Vermelha está ligado a momentos memoráveis. No final da década de 1950, por exemplo, o Teatro de Arena Carvalho Netto foi palco do concerto “Chega de Saudade”, de João Gilberto, marco da Bossa Nova, na companhia de Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Nara Leão. E, nas décadas seguintes, reuniu a comunidade acadêmica em assembleias e manifestações democráticas contra a ditadura militar.
No governo de G. Médici (1969-1974), foram retomadas as obras na Cidade Universitária na Ilha do Fundão, iniciadas entre os anos de 1949 e 1950 e paralisadas, parcialmente, durante o início da década de 1960. A proposta de uma cidade universitária estava prevista na Lei n. 452 (05/071937), que criou, oficialmente, a UB. A ideia de uma “Universidade-Parque” seduziu muitas pessoas do mundo acadêmico, pois previa espaço para a construção de laboratórios, anfiteatros, bibliotecas, salas equipadas, residência estudantil, restaurante, hospital, áreas de convivência, esporte e lazer etc. Contudo, não faltaram críticas ao projeto executado, que pecava pela desarticulação entre os setores internos e falta de integração com o restante da cidade.
Na década de 1970, à medida que a Cidade Universitária na Ilha do Fundão ia tomando forma, as unidades acadêmicas foram se mudando para o novo campus – como ocorreu, em 1973, com a instalação da Faculdade de Educação Física e Desportos e da Faculdade de Medicina.
A composição da UFRJ na Praia Vermelha foi, então, se modificando. Algumas unidades resistiram à transferência. De certa forma, é essa resistência que tem possibilitado a permanência de parte do patrimônio arquitetônico da Praia Vermelha.
Atualmente, o Palácio Universitário abriga a Escola de Comunicação, Fórum de Ciência e Cultura, Biblioteca Pedro Calmon, Faculdade de Educação, Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Decania do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, Instituto de Economia e Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ. Além disso, há outros setores e unidades acadêmicas espalhados no campus, como a Escola de Serviço Social, a Biblioteca e a Decania do CFCH, a Fundação José Bonifácio, a Editora da UFRJ, a Casa da Ciência e os institutos de Psicologia, Neurologia e Psiquiatria etc.
Esse é um espaço histórico que vale a pena conhecer! A história da UFRJ é indissociável da história de ocupação do seu campus da Praia Vermelha.
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Referências:
A Faculdade de Medicina da UFRJ: os sentidos da mudança físico espacial da escola da Praia Vermelha para a Ilha do Fundão (Glória Walkyria de Fátima Rocha, 2005)
A universidade e os múltiplos olhares sobre si mesma (Antônio J. Barbosa de Oliveira, org., 2007)
O território da universidade brasileira: o modelo de campus (Ester Buffa & Gelson de A. Pinto, 2016).
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Centenária: a Universidade do Brasil entre duas pandemias – YouTube
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