Por que falar do Instituto de Psicologia?

A arte apresenta duas fotos: uma da fachada do Instituto de Psicologia na Praia Vermelha, com várias janelas, uma porta e pessoas entrando por ela. Acima, se sobrepõe uma circunferência laranja, com o desenho de um cérebro. A segunda foto mostra um grupo de quatro homens: três com jalecos brancos e outro de terno, em frente à fachada de uma casa, com porta e janela. Ao fundo, há construções no mesmo estilo.
Primeira foto: Fachada do prédio do Instituto de Psicologia (IP/UFRJ), campus da Praia Vermelha, 2008. Foto: Letícia Monteiro. Acervo: www.imagem.ufrj.br. Segunda: Jayme Grabois, Nilton Campos, Édouard Claparède e Waclaw Radecki, na Colônia de Psicopatas no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, no final da década de 1920. Acervo: Rogério Centofanti. Disponível em: nadamaisdoqueideias.blogspot.com

O Instituto de Psicologia

Trata-se de mais uma instituição da Praia Vermelha que se liga à Assistência a Alienados do Rio de Janeiro. No caso, ao Laboratório de Psicologia da Colônia de Alienadas do Engenho de Dentro, criado por Gustavo Riedel, em 1923, com recursos da fundação Gaffrée-Guinle. No mesmo ano, Riedel fundou a Liga Brasileira de Higiene Mental, movimento médico-social que propunha ações educativas e de prevenção das doenças mentais. Em sua visão, a psicologia auxiliaria na promoção da higiene mental.

Em 1924, Waclaw Radecki (1887-1953), psicólogo polonês, assumiu a direção do Laboratório. Montado com instrumentos importados da Europa, permitia fazer variados estudos experimentais, exames e testes (em adultos e crianças) sobre as sensações musculares, o pensamento, a memória etc. Radecki conseguiu convertê-lo em Instituto de Psicologia, pelo Decreto Lei n. 21.173 (19/03/1932), com o fim de ampliar a formação técnica em psicologia e aplicá-la a outras áreas, como educação, medicina e direito. Porém, em poucos meses, fechou e foi designado como Instituto de Psicologia da Assistência a Psicopatas, sob responsabilidade do Ministério de Educação e Saúde. 

 No contexto de industrialização do país, com demandas por formação de quadros técnicos e superiores, sobretudo nas áreas da educação e do trabalho, a psicologia ganhava espaço. Assim, o Instituto de Psicologia (IP) foi estabelecido como uma das unidades integrantes da Universidade do Brasil (UB), pela Lei n. 452 (5/07/1937). Como diretor do IP, entre 1937 a 1945, Jaime Grabois incorporou os instrumentos do antigo laboratório da Colônia. O IP passou a funcionar no centro da cidade, em paralelo à Cátedra de Psicologia da Faculdade Nacional de Filosofia (FNF), instituída pelo Decreto-Lei n. 1.190 (04/04/1939), coordenada por André Ombredane, de 1939 a 1945. Por vezes, o IP colaborava com atividades da cátedra de psicologia.

Como instituição especializada, afirmada pelo Decreto n. 21.321 (18/06/1946), que aprovou o Estatuto da UB, manteve-se voltado para pesquisas científicas em psicologia e para a formação profissional, em cursos teóricos e práticos. A partir de 1948, Nilton Campos assumiu a direção do IP e, como catedrático de Psicologia da FNF, integrou totalmente essas duas esferas. Além disso, coordenava publicações diversas, como a coleção de “Monografias Psicológicas” e os boletins do Instituto de Psicologia. Dessa forma, orientou o IP para estudos e reflexões de caráter mais filosófico. 

No início da década de 1960, o IP mudou-se para a Praia Vermelha. Entre 1966 e 1967, a partir de nova regulamentação universitária, passou a integrar o Centro de Filosofia e Ciência Humanas, como unidade de ensino e pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A psicologia experimental que deu origem a toda essa história foi perdendo espaço e os inúmeros aparelhos do antigo laboratório viraram peça de museu. Onde estão? A última pista sobre o assunto indica que foram parar em uma sala do necrotério do antigo Hospital Nacional de Alienados. Sugestivo, não!?

Hoje, o Instituto de Psicologia dispõe de cursos de graduação e pós-graduação (especialização, mestrado acadêmico e doutorado). Além disso, através da Divisão de Psicologia Aplicada, oferece uma série de serviços para comunidades interna e externa, como atendimento psicoterápico, individual e em grupo, avaliação neuropsicológica, psicodiagnóstico e psicopedagogia. 

Para mais informações, acesse: http://www.psicologia.ufrj.br/ 

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Referências:

Radecki e a psicologia no Brasil (Rogério Centofanti, 1982).

Uma história do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Marina Autuori, 2014).

Uma história sociotécnica do Laboratório do Instituto de Psicologia (Luiz Fonseca & Arthur Arruda Leal Ferreira, 2015).

Os (des)caminhos da psicologia no século XX: um estudo sobre a história do Instituto de Psicologia da UFRJ (Luiz Fonseca, 2020).

Saiba mais:

https://www.youtube.com/watch?v=9ihjuDxwbdk https://www.youtube.com/watch?v=Leb2YjjDG10

http://nadamaisdoqueideias.blogspot.com/2019/03/waclaw-radecki-no-brasil-de-1923.html

TAGS: UFRJ; Praia Vermelha; Saúde Mental; História; Memória; Universidade do Brasil; Instituto de Psicologia

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