Olá, professor(a)!
Seus alunos já devem ter reparado que, na turma, cada um tem uma característica diferente, seja na cor da pele, cor dos olhos, tipo de cabelo, formato das orelhas e até do dedão do pé. Essas características, herdadas dos nossos pais, nos tornam únicos! Será que eles já pensaram em como podem ter tantas semelhanças com os pais, irmãos e avós?
Isso é possível graças ao nosso material genético: o DNA!
O DNA é uma molécula que funciona como um verdadeiro cartão de memória do corpo. Ele guarda todas as informações que determinam as nossas características. Essas informações são passadas dos pais para os filhos, sendo o principal mecanismo responsável pela hereditariedade. E o DNA não é privilégio só dos humanos, não. Na verdade, ele está presente na maioria dos seres vivos, guardando e transmitindo aos descendentes suas características genéticas. Impressionante, não é?
Já pensou em ver um DNA com a sua turma? E, até mesmo, tocá-lo, conhecendo a sua cor, textura e cheiro? É verdade que as moléculas de DNA ficam bem protegidas no nosso corpo. Elas ficam dentro do núcleo de cada uma das nossas células, atuando como um manual de instruções, indicando como elas devem se comportar. Mas, com alguns ingredientes bem comuns em nosso dia a dia, podemos romper todas essas barreiras celulares, extraindo o DNA. Não é demais?!
Se liga só nesse experimento!
Você vai precisar de:
- 1 saco plástico
- 3 morangos
- 2 colheres de sopa de detergente sem corante
- 2 colheres de chá de sal de cozinha
- 60 ml de água
- Álcool etílico gelado (>90º gl)
- 1 filtro de papel
- 1 copo transparente
- 1 palito de madeira
Passo a passo:
- Primeiro, lave bem os morangos e retire suas folhinhas verdes. Coloque os morangos dentro do saco plástico.
- Amasse os morangos, por, aproximadamente, dois minutos. Eles precisam ficar beeem amassados.
- Em um recipiente, misture água, sal e detergente. Mexa devagar para não fazer espuma. Essa é a nossa solução extratora!
- Despeje essa mistura no saco plástico com os morangos amassados. Feche o saco plástico e, novamente, amasse com as mãos por algum tempo até misturar bem a solução.
- Coloque o filtro de papel na abertura do copo. Agora, derrame a mistura feita com os morangos no filtro e aguarde o processo de filtragem. Atenção: Não encha o copo todo!
- Derrame o álcool, bem devagar, no copo e observe o que irá acontecer. Consegue ver que surgiu um emaranhado, com fios fininhos como os de um algodão, bem no meio, entre as faces alcoólica e aquosa? Coloque o palito dentro do copo e tente pegá-lo.
Prontinho! Aí está o DNA do seu morango!
Atenção para não confundir!
Nesse experimento, pode surgir, na superfície da fase alcóolica, um material gelatinoso, com bolhas de ar. Esse material é a pectina, uma molécula de açúcar presente, abundantemente, no morango e em outras frutas. Você pode saber mais sobre como diferenciá-la do DNA clicando aqui!
O que aconteceu:
Quando amassamos o morango…
Nessa etapa, quebramos a parede celular, uma estrutura espessa e rígida que envolve as células vegetais externamente.
Lembre-se de amassar muito bem os morangos! Quanto mais amassados, melhor será a ação da solução extratora e, dessa forma, haverá maior superfície de contato dos morangos com a solução!
Então, adicionamos detergente…
O detergente ajudou a desestruturar a membrana plasmática e as membranas nucleares que formam a carioteca. Essas duas membranas são formadas por uma dupla camada de lipídeos, que são gorduras.
Então, assim como o detergente ajuda a gente a lidar com a gordura quando vamos lavar louça, facilitando sua desestruturação, no experimento o papel dele é o mesmo: ele vai desestruturar a gordura que forma essas membranas, para que a gente possa acessar o DNA.
Depois, um pouquinho de sal…
O sal neutraliza a carga negativa do grupamento fosfato que forma o DNA. Essa neutralização ajuda na hora de precipitar o DNA, porque a precipitação envolve colocar todas as moléculas de DNA bem juntas, agregadas. Se elas continuassem carregadas negativamente, se repeliriam e essa agregação seria mais difícil.
E, agora, o álcool…
O etanol reduz a solubilidade do DNA na nossa solução, principalmente por ele estar beeeem gelado! Dessa forma, as moléculas se agruparam, ficando visíveis a olho nu (sem o auxílio do microscópio).
Mas e o formato do DNA? Está diferente dos livros!
Seus alunos acharam o resultado do experimento muito diferente dos desenhos dos livros? Na verdade, com essa experiência, conseguimos ver um emaranhado de milhares de moléculas de DNA! Não enxergamos a dupla hélice do DNA como aparece nas imagens, porque, embora possa ser muito longa, o diâmetro da molécula é bem pequeno, com apenas 2 nanômetros! Desse jeito, os filamentos do DNA só podem ser observados em microscópios eletrônicos.
Você e seus alunos podem se inspirar nesse experimento de Watson e Crick, produzindo um DNA delicioso! Os dois cientistas, muito curiosos para saber o formato da molécula de DNA, reuniram estudos de outros cientistas sobre o assunto. Depois de pesquisarem bastante, conseguiram reproduzir, pela primeira vez, um modelo da molécula de DNA com arames, bolas de plástico e placas de metal, demonstrando o formato que conhecemos hoje: o DNA em dupla hélice.
Aqui, na Casa da Ciência, a gente curte tanto esse tema que já teve uma exposição inteirinha sobre ele, em 2004! DNA 50: descobrindo o segredo da vida apresentava a história da descoberta da dupla hélice daquela maneira bem divertida que a gente adora. Ah, e tudo isso ainda acabou em samba, no Carnaval do Rio de Janeiro, com o enredo da G.R.E.S. Unidos da Tijuca de 2004, realizado em parceria com a Casa. O carro alegórico “A criação da vida”, que representou o DNA, marcou a história dos desfiles das escolas de samba. Vale a pena saber mais sobre esse espetáculo de arte e ciência na Avenida! É só clicar aqui e curtir o DNA na folia!
Para saber mais:
Extração do DNA humano:
Descubra o DNA:
https://www.todamateria.com.br/dna/
Para que serve o DNA:
No mundo do DNA:
Segredos do DNA:
DNA e RNA:
https://www.todamateria.com.br/dna-e-rna/
Revisão técnica: Larissa Mattos Feijó