Ciência é para todos!

Imagem com fundo em gradiente com tons de azul claro. Do lado esquerdo da imagem, há a figura de uma mulher negra, com o cabelo verde claro. Ela usa um avental azul escuro, com os símbolos de exclamação e interrogação no centro, e segura um cartaz branco, com o desenho de um contorno na cor preta de um punho erguido e um coração vermelho abaixo. Do lado direito da imagem, na parte superior, o título com letras laranjas: “Ciência é para todos!”

Quantos pesquisadores científicos negros ou negras você conhece?

Em 2016, o Brasil tinha 153.021 docentes doutores lecionando no nível superior (sem distinguir raça ou gênero) e, destes, só 15.965 eram docentes doutores negros (as). De todos os professores doutores da educação superior no Brasil, apenas 10,4% são negros. Você imagina o porquê?

Imagem com fundo em gradiente com tons de azul claro. No lado esquerdo, está um contorno de punho erguido, como uma marca d’água. No centro, por cima de uma parte do punho, há um gráfico em pizza. A fatia de cor laranja representa a parcela de 10,4% e, acima dela, fora do gráfico, está escrito na cor preta: “Doutores negros 10,4%”. A fatia de cor vermelha representa a parcela de 89,6%, com o texto na parte inferior, abaixo do gráfico, em letras pretas: “Outros 89,6%”.
Fonte: https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/microdados/censo-da-educacao-superior

Acontece que, durante muitos anos, pessoas negras não tiveram a oportunidade de ocupar espaços importantes, como no meio científico. Isso vem mudando, graças a homens e mulheres negros, que a cada dia mais estão conquistando seu lugar e mostrando que CIÊNCIA É PARA TODOS!

Hoje, já não é mais dia 20 de novembro, mas precisamos lembrar todos os dias que representatividade importa! Por isso, apresentamos cinco importantes pesquisadores científicos brasileiros negros e negras que marcaram seus nomes na história por seus feitos, lutas e protagonismo no meio científico. 

Vamos lá?

Já ouviu falar em Juliano Moreira? 

Fotografia do cientista negro Juliano Moreira.
Fonte: Wikipedia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Juliano_Moreira

Juliano Moreira foi um médico baiano, nascido em 6 de janeiro de 1872, em Salvador Sua mãe, descendente de escravizados, trabalhava como doméstica na casa de um dos diretores da Faculdade de Medicina da Bahia. Foi lá que, aos 18 anos, ele se formou, com a tese Sífilis maligna precoce

Juliano viajou pelo mundo, representando o Brasil em diversos congressos internacionais. Em 1900, participou de um em Paris e, no mesmo ano, foi eleito Presidente Honorário do 4º Congresso Internacional de Assistência a Alienados, em Berlim. Em 1906, foi congressista em Lisboa, em 1907, em Milão e Amsterdã, e, em 1913, em Londres e Bruxelas. 

De 1903 a 1930, foi diretor do Hospital Nacional de Aliados, onde ensinou a vários internos, mesmo sem ser professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Além disso, mudou a estrutura física do hospital e estabeleceu novos modelos de assistências no interior dos hospícios, humanizando o tratamento e acabando com o aprisionamento dos pacientes.

Em uma época em que o pensamento racista no meio acadêmico entendia que as doenças mentais da população brasileira eram causadas pela miscigenação, Juliano foi muito importante, ao defender que a origem das doenças mentais era causada por fatores físicos e circunstanciais. Além disso, foi o primeiro pesquisador a identificar a leishmaniose cutânea mucosa, uma doença dermatológica, e buscou provar, mais uma vez, que a questão racial não era o motivo da doença.

Em 8 de dezembro de 1930, foi destituído da direção do Hospital Nacional de Alienados e veio a falecer em 2 de maio de 1933, em Petrópolis, de tuberculose. 

Que legado incrível ele nos deixou! Veja outros posts sobre o Juliano em nosso blog aqui.  

E Maria Beatriz do Nascimento?

Fotografia da cientista negra Maria Beatriz do Nascimento.
Fonte: Wikipedia – Arquivo Nacional 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Beatriz_Nascimento

Maria Beatriz foi uma historiadora nascida em 12 de julho de 1942, em Aracaju, Sergipe. Veio para o Rio de Janeiro, em 1959, com sua família e, posteriormente, cursou história na UFRJ e lecionou na Escola Estadual Roma, em Copacabana. É conhecida por ter sido uma importante ativista pelos direitos humanos de negros e mulheres e pesquisadora do protagonismo negro no meio acadêmico. Em 28 de janeiro de 1955, foi morta, assassinada pelo marido de sua amiga, por aconselhá-la a largar o companheiro após acusações de violência doméstica. 

Sua obra segue viva, fomentando discussões nos estudos raciais. 

Conhece Milton Santos?

Fotografia do cientista negro Milton Santos.
Fonte: Ibict 
https://canalciencia.ibict.br/notaveis/283-milton-santos

Milton Santos, baiano de Brotas de Macaúbas, nasceu em 3 de maio de 1926. Talvez você já tenha ouvido falar sobre a sua obra no campo da geografia, mas sabia que, apesar de sempre ter lecionado essa disciplina nas escolas de ensino médio do seu estado natal, ele se formou em direito? Ele também se tornou doutor em geografia, na Universidade de Strasbourg, França, em 1958. Legal, né? 

De volta ao Brasil, iniciou sua carreira na Universidade de São Paulo, em 1978, lecionando na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e, posteriormente, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Milton Santos foi um dos maiores pensadores brasileiros. Seus estudos na área da geografia foram inovadores! Dedicou-se a pesquisas sobre urbanização, especialmente em países pobres, e globalização. 

Em 1994, foi reconhecido com o Prêmio Vautrin Lud, considerado o “Nobel da Geografia”. O baiano foi o único brasileiro a receber a distinção. Até hoje, é considerado o maior geógrafo do Brasil, além de conhecido e respeitado em diversos países do mundo. Milton Santos faleceu em 24 de junho de 2001, em São Paulo.

Que história incrível, não é mesmo? 

Agora, vamos conhecer uma pioneira? Estamos falando de Sônia Guimarães

Fonte: Wikipedia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonia_Guimar%C3%A3es

Sônia nasceu em 20 de junho de 1957, em Brotas, no interior do estado de São Paulo. É uma física brasileira e a primeira mulher negra do país a ser doutora na área! Também é professora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), no qual ingressou em 1993 (época em que mulheres não eram aceitas como estudantes), sendo a primeira negra da instituição. Cursou física na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde, de 50 alunos de sua sala, apenas 5 eram mulheres! Suas conquistas são muitas: cursou o mestrado em Física Aplicada na UFSCar e, em 1986, ingressou no doutorado pelo Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade de Manchester, Inglaterra. Ah, e não para por aí, não! Sônia liderou, em 2016, uma pesquisa nacional sobre o desenvolvimento de sensores de calor!

Que máximo!

E, por falar em pioneirismo… Conhece a história de Enedina Marques?

Fotografia da cientista negra Enedina Alves Marques.
Fonte: Unifei
https://unifei.edu.br/personalidades-do-muro/extensao/enedina-alves/

Enedina Alves Marques nasceu em Curitiba, no ano de 1913. Ela se graduou, em 1945, na Universidade Federal do Paraná e entrou para a história como a primeira engenheira negra do nosso país! 

Esta é mesmo uma história de superação inspiradora. Antes de ingressar na Universidade Federal do Paraná, ela trabalhou como doméstica, babá e, depois de cursar o ensino normal secundarista, lecionou no interior do estado. Após se formar como a primeira mulher engenheira do Paraná e a primeira negra engenheira do Brasil, atuou no serviço público estadual, à frente de projetos de construção, como o da Usina Capivari-Cachoeira, de pontes e levantamento de rios. Entre as diversas homenagens que recebeu por suas conquistas, um instituto de mulheres negras foi fundado com o seu nome, no interior do Paraná, em 2006.

Enedina contribuiu muito na sua área de atuação, mas seu maior legado foi abrir portas para mulheres negras no Brasil!

E Viviane dos Santos Barbosa? Você conhece? 

Fotografia da cientista negra Viviane dos Santos Barbosa.
Fonte: ELAS nas Exatas
https://twitter.com/elas_nasexatas/status/1058463857700691968

Viviane nasceu na Bahia, passou em primeiro lugar para a Delft University of Technology, na Holanda, onde cursou bacharelado em engenharia química e bioquímica e se formou mestre em nanotecnologia. Em 2010, aos 39 anos, teve seu nome marcado na história, após ganhar a premiação máxima da International Aeorol Conference, na Finlândia, ao competir com 800 trabalhos de cientistas de todo o mundo, por ter criado um produto catalisador que reduz a emissão de gases poluentes.

Demais, não é mesmo?


E aí, gostou de conhecer essas histórias? Nós só demos um gostinho para você! Há muitos outros pesquisadores brasileiros negros e negras que estão desenvolvendo trabalhos incríveis em diversas áreas da ciência. 

Que tal procurar saber mais quem são e os trabalhos que estão desenvolvendo? Temos certeza que você vai gostar, assim como nós gostamos! Não esqueça de compartilhar com a gente os seus achados! 

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