No processo de seu estabelecimento da Universidade do Brasil na Praia Vermelha, o palácio e outras edificações do antigo hospício foram reaproveitadas. O Pavilhão Alaor Prata passou a sediar atividades da Escola Nacional de Educação Física e Desportos (ENEFD) e virou o “Casarão”. Ficou confuso? É simples! Ao mudar de função, ganhou uma nova identidade e um novo nome.
Durante o Estado Novo (1937-1945), uma das metas do governo Vargas foi o cultivo da cultura física, cívica e moral da juventude brasileira. Nesse período, a educação física tornou-se obrigatória nas escolas de todo o país. O que gerou demandas por profissionais, regulamentação da profissão, currículo específico etc.
A ENEFD resultou desse processo, sendo criada pelo Decreto-Lei n. 1.212, em 1939. Sua importância para o desenvolvimento da educação física no Brasil é inquestionável. Inicialmente, as aulas teóricas ocorriam no atual Instituto Nacional de Surdos e as práticas, no Fluminense Futebol Clube, em Laranjeiras. Pelo Decreto n. 28.884 (21/11/1950), assinado pelo presidente Eurico G. Dutra (1946-1951), a ENEFD e a Associação dos Servidores Civis do Brasil receberam, a título gratuito, o terreno dos fundos do antigo hospício, para comportar suas atividades.
Entusiasmados com o novo espaço, alunos e professores ajudaram a limpar a área e instalar os equipamentos esportivos, para atividades de atletismo, futebol, voleibol, tênis etc. O Casarão foi adaptado para acolher as aulas rítmicas e alegres de ginástica feminina e dança moderna, orientadas pela professora Erica Sauer. Ou seja, o pavilhão passou de enfermaria a lugar de ensino/aprendizado.
Nos anos seguintes, professores(as) como Erica Sauer, Maria Lenk, Margarida Thereza Menezes, entre outros, contribuíram para divulgar o nome da ENEFD, em competições esportivas e ministrando cursos para alunos e professores do Brasil afora. Na Praia Vermelha, por exemplo, ocorreu o 1º Estágio Internacional de Educação Física, realizado em julho de 1957. Na programação do evento, não faltaram as classes de “Ginástica feminina moderna” de Erica Sauer.
Posteriormente, o Casarão foi muito utilizado pela professora Margarida Menezes, durante as colônias de férias da Praia Vermelha, para atividades recreativas. Aliás, a professora Margarida é uma das grandes responsáveis pela preservação do Casarão. Mas essa é outra história…
Em suma, o cenário mudou de tal forma que a memória do Pavilhão Alaor Prata, como espaço de isolamento da tuberculose do antigo Hospital Nacional de Alienados, se apagou rapidamente. Só mesmo a história para nos revelar que havia um belo bosque nos fundos do grande palácio da Praia Vermelha, criado em prol de doentes tuberculosos no início do século passado. Não é curioso!?
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Referências:
A formação do profissional de Educação Física no Brasil: uma história sob a perspectiva da legislação federal no século XX (Samuel de Souza Neto et al., 2004).
Ginástica Rítmica (Cynthia Tibeau, 2013).
A Casa, o espaço e suas funções sociais: a ressignificação do passado no presente (Luciane Correia Simões e Monica Cristina de Moraes, 2015).
I Estágio Internacional de Educação Física (Diário de Notícias, 18/08/1957, p. 4).
Veja:
Leia:
https://www.eefd.ufrj.br/conhecendo-a-eefd/1286
https://www.eefd.ufrj.br/principal/1233