Por que o grande “Palácio dos Loucos” foi fechado na Praia Vermelha?

A arte apresenta duas imagens: uma foto da fachada do hospício e a segunda, sobreposta à primeira, mostra partes de três janelas em ruínas. Há, ainda, um recorte de jornal, com a chamada: “Ameaça desabar o Pavilhão Alaor Prata” Na parte superior, aparece uma circunferência amarela, com sinais de interrogação e exclamação, e ao lado, uma circunferência vermelha com o desenho de uma casa.
Primeira foto, à esquerda: Detalhe das portas-sacadas externas. 
Foto: Eric Hess, 1943. Fonte: Caetano (1993, tomo II). Segunda foto, acima à direita: Fonte: 
A Nação, 21/10/1934, p. 5. Terceira foto, abaixo: Fachada principal (Av. Pasteur). Foto: Eric Hess, 1943. 
Fonte: Caetano (1993, tomo II).


Para responder a essa questão, devemos lembrar que entramos em outro contexto histórico, a Era Vargas (1930-1945). Mudou quase tudo! As instituições de assistência aos alienados, que estavam ligadas ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores, passaram para o Ministério da Saúde e da Educação (MESP), criado em 14 de novembro de 1930, vinculadas ao Departamento Nacional de Assistência Pública. 

Nesse novo cenário político, em dezembro de 1930, Juliano Moreira foi aposentado. Dois anos depois, o ministro Francisco Campos anunciou a transferência definitiva do Hospital Nacional de Alienados/Psicopatas, da Praia Vermelha para Jacarepaguá. Porém, seu desmonte levou mais de uma década para ocorrer. 

Ao longo dos anos de 1930, o Hospital Nacional deixou de receber verbas para reformas estruturais e suas condições sanitárias se agravavam a cada dia. Entretanto, a instituição seguia superlotada! Suas seções hospitalares ruíam a olhos vistos. Até o teto do Pavilhão Alaor Prata, que era uma construção recente, ameaçava desabar. E não havia para onde transferir as doentes tuberculosas. Dá para imaginar a situação?

A partir de 1942, intensificaram-se as obras nas colônias de Jacarepaguá e Engenho de Dentro, para receber os inúmeros alienados da Praia Vermelha. E, aos poucos, começaram as transferências de doentes, médicos e outros funcionários. No Engenho de Dentro, em 1944, foi criado o Centro Psiquiátrico Nacional, que incorporou a antiga estrutura administrativa do centenário hospício. Nesse mesmo ano, finalizaram-se as transferências. 

Ao final, no caminho natural para Copacabana, Leme e Urca, o decadente Hospital Nacional passou a destoar da paisagem urbana da Zona Sul carioca. Além disso, a movimentação cada vez maior de veículos para as praias cariocas e as atividades alegres dos clubes do entorno o afastaram do ideal bucólico que pregava a psiquiatria, como recurso auxiliar no tratamento da doença mental. 

O que será que aconteceu, depois, com o antigo palácio? Aguarde! Em nosso próximo post, contaremos melhor essa história.

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Referências:

A assistência psiquiátrica no contexto das políticas públicas de saúde, 1930-1945 (André Luiz Fabrício, 2009). 

Palácio Universitário do Brasil ex. – Hospício Pedro II (Lucinda O. Caetano, 1993).

Ameaça desabar o Pavilhão Alaor Prata (A Nação, 21/10/1934, p. 5).

Saiba mais:

http://www.rioecultura.com.br/coluna_patrimonio/coluna_patrimonio.asp?patrim_cod=34

https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/IntelectuaisEstado/MinisterioEducacao

Veja:

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