Instituto Philippe Pinel

“Para Indicar que Não somos Eternamente Loucos…”

A arte apresenta três fotos: uma da fachada do Hospital Pinel, em 1966; a segunda mostra um grupo de homens, atrás de grades, gargalhando, enquanto uma pessoa filma a cena. Na terceira, aparece uma senhora entrevistada por um homem que usa um chapéu colorido, em forma de flor, e, ao fundo, há várias pessoas. Na ponta esquerda, aparece a marca da TV Pinel, o desenho de uma TV com um pássaro dentro.
Primeira foto: Hospital Pinel, 1966. Acervo: TV Pinel;
Segunda e terceira fotos: TV Pinel, s/d. Acervo: TV Pinel.

Continuando nossa reflexão sobre o lugar da saúde mental na Praia Vermelha, trazemos um breve histórico do Instituto Philippe Pinel. Além de ser mais um de nossos parceiros institucionais, sua história também está ligada ao antigo Hospício Nacional de Alienados. 

Nos anos de 1920, as doenças venéreas eram uma preocupação médica e política, sobretudo a sífilis que, em estágio avançado, levava à loucura muitos indivíduos. Assim, não é difícil entender por que, em 1923, no terreno do hospício, foi aberto o Ambulatório Grafrée e Guinle, para o tratamento de tais doenças. 

Pois esse setor foi precursor do Instituto de Neuro-sífilis, criado em 1937, como órgão do Serviço de Assistência a Psicopatas do Ministério da Educação e da Saúde. Em 1944, virou Hospital de Neuro-sífilis. Com a redução dos casos de sífilis e o fortalecimento do conceito de intervenção sobre o doente nos momentos de crises, a instituição passou por novas mudanças. Em 1965, por ato do presidente Castelo Branco (1964-1966), foi renomeado Hospital Pinel. Devido ao grande fluxo de pacientes, em 1968, o pavilhão original foi substituído por um edifício mais amplo.

Nos anos 1970, a partir da experiência do italiano Franco Basaglia, os profissionais da saúde mental passaram a lutar pelo fim do modelo de assistência psiquiátrica vigente, que resultara no abandono de inúmeros enfermos mentais em manicômios. Excluídos, esquecidos e malcuidados, muitos tinham sua condição mental agravada. A partir da década de 1982, como ocorria em outros países, se iniciou o processo de implantação da reforma psiquiátrica brasileira.

No novo cenário, em 1985, o Hospital Pinel virou Hospital Dr. Philippe Pinel, mas isso não implicou em maiores mudanças assistenciais. A ideia era desvincular a instituição da conotação negativa e preconceituosa que o termo “pinel” adquiriu na sociedade carioca. Em 1994, com a portaria 1.805, foi renomeado Instituto Philipe Pinel e assumiu atribuições de ensino e pesquisa em psiquiatria e saúde mental. Em 2000, o Instituto saiu da esfera federal e passou para a Secretária Municipal de Saúde. 

O maior avanço em direção à Reforma Psiquiátrica se deu com a Lei no 10.216 (6/04/2001), que determinou a desativação gradativa dos manicômios e sua substituição por uma rede de atenção psicossocial. Surgiram, então, vários programas de saúde mental para tratar as pessoas com transtornos psíquicos e reinseri-las na sociedade.

Apesar da lenta desconstrução do modelo manicomial, multiplicaram-se iniciativas de cuidado e reinserção social do paciente com transtornos mentais. O Instituto Pinel é bom um exemplo nesse sentido. Suas oficinas terapêuticas e de geração de renda se constituíram como espaços coletivos de aprendizado e socialização, como a TV Pinel (1996), o Papel Pinel (2000), o Ponto de Cultura Tá Pirando, Pirado, Pirou! e seu bloco carnavalesco (2004), a Cooperativa da Praia Vermelha e sua produção de deliciosos bolos e biscoitos de castanha do Pará.

Hoje, a institucionalização e a atenção psicossocial em saúde mental, álcool e outras drogas se encontram novamente em discussão. Esse é um tema bastante polêmico, requer um debate amplo, pois qualquer mudança nas diretrizes de saúde pública nos afeta diretamente. Você não acha?

Siga nossos posts históricos todas as segundas-feiras.


Referências:

A sífilis e o aggiornamento do organicismo na psiquiatria brasileira: notas a uma lição do doutor Ulysses Vianna (Sérgio Carrara e Marcos Carvalho, 2010).

Instituto Philippe Pinel: origens históricas (Fernando A. da Cunha Ramos e Luiz Geremias, 2006).

No espelho do olhar do outro: a TV Pinel e a construção coletiva da autoimagem em vídeo (Doralice Araújo e Edvaldo Nabuco, 2004).


Veja!

https://www.canalsaude.fiocruz.br/canal/videoAberto/saude-mental

https://www.youtube.com/user/tvpinel1

Carnaval como terapia no RJ: “Tá pirando, pirado, pirou” – YouTube

https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/44277/2/Cat%20logo%20Morar%20em%20Liberdade.pdf

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