“Ali das bromélias nas flores doiradas
Há silfos e fadas, que fazem seu lar…
E, em lindos cardumes,
Sutis vaga-lumes
Acendem os lumes
Pra o baile na flor.”
Você pode ler o poema completo clicando aqui!
Será mesmo que Castro Alves estava tão errado assim em imaginar um mundo mágico dentro de uma simples bromélia? Tá, vai, ele pode até ter exagerado um pouco sobre os seres místicos, mas não é que é verdade que essas lindas plantinhas podem esconder entre suas folhas rígidas um mundo microscópico de vida?! Isso mesmo! Mas antes de explicarmos tudo sobre esse magnífico ecossistema das bromélias, você precisa saber que o jardim da Casa da Ciência não tem só uma espécie, mas sim duas espécies diferentes de bromélias!
As Aechmea blanchetiana ou bromélias porto seguro douradas e as Neoregelia sp. têm lugar reservado em nosso jardim! As duas são nativas aqui do Brasil e deixam qualquer canto mais rico em diversidade e beleza.
Um ecossistema dentro de uma bromélia
Você já deve ter reparado que a forma pela qual as rígidas folhas de muitas bromélias se sobrepõem acaba facilitando o acúmulo de água da chuva, armazenando-a como se fosse um copo! Pois é justamente nesse ambiente aquático formado dentro das bromélias que diversas vidas microscópicas conseguem viver, incluindo larvas de mosquito, pequenos insetos, algumas aranhas e muito mais! Essas bromélias capazes de acumular água são chamadas de bromélias-tanque (como é o caso de nossa Neoregelia sp!) e, consequentemente, conseguem abrigar uma diversidade imensa de seres vivos, que vivem nesse meio e interagem entre si, formando, então, uma espécie de ecossistema. Até mesmo pequenas pererecas podem viver por lá!
Mas e a dengue?
Você já deve ter ouvido falar sobre como a bromélia pode ser foco de mosquito da dengue, não é? Até mesmo deve conhecer uma tia ou avó que se livraram das bromélias do quintal por medo de contrair a doença… Mas será que a água presente nas bromélias realmente é capaz de ser criadouro de larvas do Aedes aegypti – o famoso mosquito vetor da dengue e de outras graves doenças como chikungunya, zika e febre amarela?
Parece que não é bem assim! Pois é, segundo estudos, as bromélias não representam criadouros de Aedes aegypti assim tão relevantes. Em um desses estudos, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz coletaram cerca de 2.800 larvas e pupas de mosquitos presentes em copos de bromélias no Rio de Janeiro e constataram que apenas 0,07% deste total eram de formas juvenis do mosquito da dengue. Mas como todo cuidado é pouco: a recomendação é trocar a água que fica acumulada dentro das bromélias, no mínimo, uma vez por semana. Assim, se eventualmente houver larvas do temido mosquito ali, elas serão eliminadas antes de se transformarem em adultos!
Reportagem completa da Fiocruz
Curiosidade: o abacaxi vem de uma bromélia
E sabia que o abacaxi vem de uma bromélia??! Pode acreditar! Também chamada de ananás, essa fruta tropical na verdade é resultado de uma inflorescência (reunião de pequenas flores que, futuramente, dará origem a pequenos frutos compactos) de uma bromélia do gênero Ananas. Existe uma variedade de ananás produzidos por diferentes bromélias do gênero, sendo o abacaxi que comemos apenas o tipo mais famoso, por isso o nome diferenciado!
Como cultivar?
Se também quiser ter lindas bromélias enfeitando o jardim de sua casa, saiba que elas são bem fáceis de cuidar. Basta escolher uma das diversas espécies de bromélias que existem – já que quase 40% de toda a diversidade dessas plantinhas nós podemos encontrar aqui na Mata Atlântica! Tem para todos os gostos!
Como são muitos os tipos possíveis, os cuidados vão variar de espécie para espécie. Mas saiba que, no geral, elas preferem ambientes com bastante luminosidade, evitando deixá-las expostas ao sol direto. Bastante resistentes, basta regá-las ao menos uma ou duas vezes por semana para que cresçam bem.
Para saber mais
https://pergunteaoagronomo.com.br/como-cultivar-bromelias
http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=%20182&sid=32