Estrelas que brilham além do tempo

 Imagem com fundo rosa texturizado com símbolos da Casa da Ciência e, ao centro, colagem de foto das três atrizes negras que interpretam as cientistas do filme “Estrelas além do tempo”. Na ordem, da esquerda para direita: Janelle Monáe (que interpreta Mary Jackson), Taraji P. Henson (que interpreta Katherine Johnson) e Octavia Spencer (que interpreta Dorothy Vaughn). As vestimentas das três atrizes são típicas da década de 1960. No topo da cabeça de cada uma delas, há uma figura de três estrelas amarelas, representando uma coroa, com os dizeres acima: “Quem são as ESTRELAS ALÉM DO TEMPO? Vem descobrir com a gente!”, em amarelo neon.

Feriadão chegando e temos uma dica cultural mais do que inspiradora para você e sua família: o filme ESTRELAS ALÉM DO TEMPO!

Já parou para pensar em todos os desafios enfrentados nos bastidores para a humanidade pisar na Lua pela primeira vez? E mais ainda… Já pensou em quem contribuiu para a realização desse trabalho, anos antes? De tantas pessoas envolvidas, três mulheres negras cientistas da NASA merecem destaque: Mary Jackson, Katherine Johnson e Dorothy Vaughn. O trabalho brilhante que elas realizaram foi essencial na preparação desse grande acontecimento!

Pisar na Lua pela primeira vez, em 1969, foi um evento histórico que marcou a humanidade para sempre. Mas quando pensamos nessa inovação, muitas vezes não nos damos conta de tudo o que estava acontecendo naquela época. E o que era? O mundo atravessava a Guerra Fria e, por um longo período, os países mais influentes competiam para tentar provar o quanto eram poderosos. Faziam isso com estratégias até mesmo fora do nosso planeta, como a corrida espacial. Além disso, em um contexto mais específico, até meados da década de 1960 nos Estados Unidos ainda existiam as leis Jim Crow de segregação racial, que, durante quase 90 anos, literalmente impediram que pessoas negras e brancas convivessem nos mesmos espaços. Revoltante! 

Entender tanto a Guerra Fria quanto as leis Jim Crow nos ajuda a contextualizar o mundo da década de 1960 em que viveram as geniais cientistas negras estadunidenses Mary Jackson, Katherine Johnson e Dorothy Vaughn. Trabalhar na NASA naquela época significava estar sob a constante pressão da corrida espacial, já que os EUA buscavam liderar as conquistas fora do planeta. No entanto, podemos dizer que havia outras duas corridas em que elas estavam inseridas e que as impactavam de forma mais direta: a corrida contra o racismo institucionalizado e contra o machismo do ambiente de trabalho da tecnologia. 

Hoje, vivemos em contextos históricos diferentes, mas infelizmente o racismo e a misoginia continuam excluindo mentes brilhantes como as das estrelas do filme. Mesmo que aqui no Brasil não tenha ocorrido segregação racial institucionalizada por leis, como nos EUA no início do século XX, vivemos ainda em uma sociedade racialmente muito desigual. As feridas resultantes dos mais de 300 anos de escravização da população negra não cicatrizaram e são visíveis em diversos contextos brasileiros: a falta de representatividade negra em espaços de ciência e tecnologia é uma delas.

O nome original desse filme, que foi lançado em 2016, é Hidden figures (em tradução livre: “Figuras escondidas”) e foi inspirado no livro com o mesmo título, da escritora negra Margot Lee Shetterly, lançado meses antes do filme. O livro é resultado de uma intensa pesquisa que a autora realizou ao longo de seis anos. Por fim, essa trama, que se passa em 1961, nos ajuda a refletir que, assim como as figuras e estrelas escondidas, tivemos e temos inúmeros talentos não prestigiados em várias áreas do conhecimento, especialmente nas áreas relacionadas à tecnologia.

E você? Conhece alguma estrela além do tempo? Conta aqui nos comentários e compartilha o brilho dela com a gente!


 Referências:

Estrelas além do tempo – por Thiago Freire Nascimento para o blog Centro de Divulgação Científica e Cultural, da USP: https://cdcc.usp.br/estrelas-alem-do-tempo/

Celebrando as “Estrelas além do tempo”: Katherine Johnson, Mary Jackson e Dorothy Vaughan, cientistas da NASA – por Juliana Aguilera Lobo para o blog Ciência Pelos Olhos Delas, da UNICAMP (2020): https://www.blogs.unicamp.br/cienciapelosolhosdelas/2020/04/17/estrelas-alem-do-tempo-mulheres-cientistas-nasa/

Estrelas além do tempo – Morre Katherine Johnson, matemática que inspirou filme – por Carlos Barria para a Fundação Universidade de Caxias do Sul (2020): https://ucsfm.com.br/estrelas-alem-do-tempo-morre-katherine-johnson-matematica-que-inspirou-filme/

Pesquisa analisa o filme “Estrelas além do tempo” e aponta silenciamento da voz feminina na ciência – por Greicielle Santos para o blog Mulheres na Ciência, da Universidade Federal de Lavras (2019): https://ufla.br/noticias/pesquisa/13084-pesquisa-da-ufla-analisa-o-filme-estrelas-alem-do-tempo-e-

TAGS: cientistas negras; mulheres nas ciências; astronomia; NASA.

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