Você sabia que, em 11 de fevereiro, é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência?
Pois então! A data foi instituída em 2015, pela Assembleia das Nações Unidas, e, desde então, ocorrem eventos e comemorações no mundo inteiro, que buscam dar visibilidade à contribuição das mulheres nas áreas de pesquisa científica e tecnológica, além de incentivar que cada vez mais meninas sonhem em se tornar cientistas!
Não é de hoje que o assunto desperta preocupação. Algumas décadas atrás, as mulheres sequer podiam ingressar em uma universidade, acredita nisso?? Apesar de parecer absurdo um tempo em que não era permitido o voto feminino, ou em que mulheres não podiam ser médicas, astronautas, deputadas ou cientistas, a verdade é que, hoje, ainda vemos muita desigualdade entre homens e mulheres.
Em termos salariais, as mulheres recebem remuneração em média de cerca de 20% a menos em relação aos homens. Ainda concentram a maior parte do trabalho doméstico, com quase o dobro de horas semanais dedicadas em relação ao que fazem os homens. Isso sem falar nas profissões majoritariamente femininas, em que, quanto menores são a média salarial e a precarização das condições de trabalho, maior é a concentração de mulheres, em especial, de mulheres negras. Por exemplo, quase 95% de todos os empregados domésticos no Brasil são mulheres, assim como são 96,4% das babás e 97,3% das professoras de educação infantil! A mulher ainda é muito associada às profissões de cuidados relacionadas às crianças e ao lar, como se tivesse uma “vocação natural” para ser mãe e dona de casa.
Nos últimos anos, houve um avanço importante da presença das mulheres no ensino superior, sendo a maioria entre os que cursam a graduação (57,2%), dos que completam o ensino superior (37,9% superior aos homens) e dos que cursam pós-graduação (54% dos estudantes de doutorado). O problema aparece conforme vamos avançando na hierarquia para os níveis mais altos das carreiras, como no acesso a bolsas de fomentos (quanto mais prestigiada a bolsa, como a de produtividade, menos mulheres acessam) ou para se tornar professoras universitárias e chefes de laboratórios de pesquisa. Vai-se reduzindo a participação das mulheres e, em especial, das mulheres negras. Nunca tivemos uma ministra de ciência e tecnologia, por exemplo! E a participação das mulheres na Academia Brasileira de Ciências (ABC) é de, apenas, 14%. E o pior: parte da justificativa disso é que, para ingressar na ABC, é preciso ser convidado por um membro titular, e como a grande maioria é de homens, essa disparidade acaba por se propagar, reforçando a invisibilidade das mulheres cientistas.
Durante a pandemia, houve um impacto particular na produtividade acadêmica de mulheres. Em especial, mães e mulheres negras foram as mais afetadas, diante da sobrecarga de tarefas domésticas e cuidados com filhos e idosos, sem poder contar com uma rede de apoio, como a escola ou a família. Além de a maioria ter seguido com seus trabalhos, seja o remoto ou o presencial, no caso das empresas que não liberaram seus funcionários ou que fizeram parte dos serviços essenciais.
Apesar de todos esses obstáculos, ao longo da história e, também, nos dias de hoje, muitas mulheres deram e dão contribuições valorosas à ciência, nas mais diversas áreas. Até mesmo no combate à pandemia, várias pesquisadoras mulheres, epidemiologistas, médicas, enfermeiras e trabalhadoras da saúde estão na linha de frente da produção das vacinas e do tratamento de pacientes. E um dia, essas renomadas cientistas foram meninas, com seus sonhos, fantasias e desejos de realizarem grandes feitos e mudarem o mundo.
Diante de todos esses dados, fica claro que não é fácil ser uma mulher no meio científico. Mas também é nítida a capacidade de mulheres ocuparem todos os lugares e serem grandes cientistas!
Viva o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência!
Referências:
- https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/25223-mercado-de-trabalho-reflete-desigualdades-de-genero
- https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-mais-que-os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de-pessoas
- https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/25223-mercado-de-trabalho-reflete-desigualdades-de-genero
- https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/08/somente-14-de-membros-da-academia-brasileira-de-ciencias-sao-mulheres.html
- https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/20232-estatisticas-de-genero-responsabilidade-por-afazeres-afeta-insercao-das-mulheres-no-mercado-de-trabalho
- https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/artigos/artigos/177-mulheres-na-ciencia-no-brasil-ainda-invisiveis
- https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/08/somente-14-de-membros-da-academia-brasileira-de-ciencias-sao-mulheres.html
Saiba mais:
https://portal.fiocruz.br/mulheres-e-meninas-na-ciencia