
Você conhece a história da Universidade Federal do Rio de Janeiro? Não? Então vem com a gente nesse mergulho em um pouquinho do que foram esses 105 anos de história!
Em 7 de setembro de 1920, por meio do Decreto n.º 14.343, o governo federal instituiu sua primeira universidade: a Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ). O caminho até a criação de universidades no Brasil foi longo. Ao contrário de outros territórios coloniais, aqui a abertura de universidades e cursos superiores era proibida por lei, o que obrigava os filhos das elites colonial e imperial a estudar na Europa — especialmente na Universidade de Coimbra —, onde concluíam a formação em áreas como Direito e Medicina.
A URJ nasceu da reunião de três escolas fundadas no início do século XIX, após a chegada da Família Real e da Corte Portuguesa ao Brasil: a Escola de Engenharia (originada da Academia Real Militar, de 1810), a Faculdade de Medicina (criada em 1832 nas instalações do Real Hospital Militar, antigo Colégio dos Jesuítas) e a Faculdade de Direito (fundada em 1891 a partir da fusão da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais com a Faculdade Livre de Direito da Capital Federal). No entanto, essa união foi apenas formal: as instituições mantiveram-se isoladas, sem o intercâmbio de saberes e a convivência acadêmica que caracterizam o “espírito universitário”. Na prática, a universidade existia apenas no papel.
Em 5 de julho de 1937, a Lei n.º 452 reorganizou a URJ e a transformou na Universidade do Brasil (UB), incorporando novas escolas e institutos já existentes nas áreas de Química, Filosofia, Ciências e Letras, Metalurgia e Música. Também se previa a integração de instituições como o Museu Nacional — efetivamente anexado — e o Instituto Oswaldo Cruz — cuja incorporação não se concretizou. Apesar de prever a criação de cursos como Veterinária e Agronomia, estes não chegaram a ser instalados. A UB foi concebida para servir de modelo às universidades brasileiras, presentes e futuras. Além disso, nenhum curso superior poderia existir no país sem corresponder a um curso equivalente na UB. A instituição deveria atrair os melhores alunos do Brasil, selecionados por rígidos critérios. Desde sua origem, portanto, a Universidade do Brasil foi marcada pelo gigantismo, pelo elitismo e pela pretensão de centralidade. Todas as suas unidades recebiam o adjetivo “nacional” antes do nome, reforçando sua vinculação ao governo federal e à política de centralização do Estado Novo (1937-1945).
O tempo passou e na década de 1960, intensas transformações sociais, econômicas e políticas impulsionaram a demanda por uma reforma do ensino superior. Movimentos estudantis e setores da sociedade criticavam as universidades por seu distanciamento em relação aos graves problemas nacionais. Em 1965, já sob o regime autoritário, o governo federal uniformizou a denominação das instituições federais de ensino. Assim, em 20 de agosto daquele ano, a Lei n.º 4.759 determinou que universidades e escolas técnicas federais passariam a adotar a designação “federal”, acompanhada do nome do respectivo Estado. Foi nesse contexto que a UB foi reorganizada e transformada em Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua estrutura administrativa passou a ser organizada em centros, modelo que permanece até hoje: Centro de Ciências da Saúde (CCS), Centro de Letras e Artes (CLA), Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) e Centro de Tecnologia (CT).

Construção da Cidade Universitária. Acervo: ETU/UFRJ
Desde então, muita coisa aconteceu: a instituição cresceu, se reinventou e hoje é um dos maiores símbolos da educação pública, gratuita e de qualidade no país.
Nesses 105 anos, a universidade foi palco de grandes descobertas, pesquisas inovadoras e formação de profissionais que marcaram diferentes gerações. Da engenharia às artes, da saúde às ciências sociais, da inteligência artificial à sustentabilidade, a UFRJ está sempre presente, ajudando a construir conhecimento que faz diferença na vida das pessoas e no desenvolvimento do país.
Reconhecida no Brasil e no exterior, a UFRJ ocupa posições de destaque em rankings internacionais. É a segunda melhor instituição de ensino superior do Brasil e a melhor universidade federal do país, segundo o Center for World University Rankings (CWUR 2025). Também aparece como a segunda melhor universidade federal do Brasil no Webometrics Ranking of World Universities (CSIC 2025). Em avaliações por área, figura entre as 100 melhores do mundo em Arquitetura, Antropologia e Estudos de Desenvolvimento (QS World University Rankings by Subject 2022) e foi classificada como a melhor das Américas em Engenharia Naval e Oceânica (Shanghai Ranking 2021).
A UFRJ se consolidou como uma das maiores universidades da América Latina. Segundo dados publicados no portal da universidade, são 171 cursos de graduação presencial, 4 à distância e cerca de 40 cursos noturnos ou vespertinos, com aproximadamente 9 mil vagas anuais pelo Sisu. Na pós-graduação, oferece 339 cursos de especialização e 136 programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, sendo responsável por 10% de todos os cursos de padrão internacional no país. No total, reúne 53 mil estudantes de graduação, 16 mil de pós-graduação, além de mais de 4,6 mil professores e quase 9 mil técnicos-administrativos.
Antes da pandemia, cerca de 100 mil pessoas circulavam diariamente pela Cidade Universitária, o que dá à UFRJ a dimensão de uma cidade de médio porte, com impacto social e cultural comparável ao de municípios inteiros do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, a instituição soma 1.486 laboratórios, 44 bibliotecas, 19 entes museais, 9 unidades de saúde e um total de 40 prédios tombados. A pluralidade de sua comunidade acadêmica também merece destaque: 30% dos estudantes vêm de fora do Rio de Janeiro e 15% de outros estados, com 30% deles pertencentes a famílias de baixa renda.
A relação da UFRJ com a sociedade vai muito além das salas de aula. O Museu Nacional, em processo de reconstrução é um dos museus mais conhecidos, mas não está sozinho: a universidade mantém instituições como a Casa da Ciência, com atividades educativas e exposições que aproximam a população do conhecimento científico, o Museu da Geodiversidade, o Museu da Química Professor Athos da Silveira Ramos, o Museu de Dom João VI, da Escola de Belas Artes, entre outros também de grande importância. Esses espaços preservam acervos únicos, incluindo os três maiores meteoritos do Brasil — Bendegó e Santa Luzia, no Museu Nacional, e Campinorte, no Museu da Geodiversidade.
Também se destacam iniciativas estratégicas como o Parque Tecnológico da UFRJ, com 350 mil m² e dezenas de startups e empresas parceiras, e o LabOceano, que abriga o tanque oceânico mais profundo do mundo para pesquisas ligadas à indústria de petróleo e gás offshore. Além disso, a universidade é sede da Coppe, o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina.
A Universidade do Rio de Janeiro, Universidade do Brasil ou como hoje é chamada, UFRJ, também formou nomes que marcaram a história do Brasil e do mundo, como Osvaldo Aranha (indicado ao Nobel da Paz), os escritores Jorge Amado, Clarice Lispector e Vinícius de Moraes, o arquiteto Oscar Niemeyer, os médicos Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, o historiador Sérgio Buarque de Holanda e o matemático Artur Ávila, primeiro latino-americano a receber a Medalha Fields, considerada o “Nobel da Matemática”.
Mais do que diplomas ou pesquisas, a UFRJ representa um projeto coletivo: o de um Brasil mais justo, democrático e comprometido com a transformação social por meio do conhecimento. Celebrar 105 anos da UFRJ é celebrar a ciência, a educação e a cultura brasileira.
Feliz aniversário, UFRJ!
Para saber mais
www.ufrj.br
www.ufrj.br/acesso-a-informacao/institucional/fatos-e-numeros/

