Observar é ou não um princípio científico?
Com a Proclamação da República (1889), D. Pedro II foi forçado a voltar para Portugal, e um dos primeiros atos do novo governo de Deodoro da Fonseca foi retirar o Hospício de Pedro II da direção da Santa Casa da Misericórdia, em janeiro de 1890. Ah, como já dissemos antes, também mudaram o nome para Hospício Nacional de Alienados. Nesse período, o hospício da Praia Vermelha não só mudou de nome, como também passou por outras inovações. Uma delas foi a criação do Pavilhão de Observação, em 1892, a cargo do médico responsável pela clínica psiquiátrica e de moléstias nervosas da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (FMRJ). A ideia era que fosse um lugar de ensino/aprendizagem e uma porta de entrada para os doentes pobres passarem por exames laboratoriais, testes e avaliações clínicas, antes de serem internados no hospício. O pavilhão recebeu os primeiros pacientes em 1894. O doente podia ficar em observação por até 15 dias. Em casos excepcionais, por interesse científico, podia ficar retido por mais tempo. Depois disso, era internado para ser tratado no hospício ou liberado para voltar para casa. Observar é preciso ou não?
Aguarde mais histórias na próxima segunda-feira e aproveite para pesquisar nossos posts anteriores… Essa história tem tudo a ver com a Casa da Ciência da UFRJ.
Veja a mostra virtual:
“Hospício de Pedro II: da construção à desconstrução”, do Centro Cultural do Ministério da Saúde (CCMS), no site http://www.ccms.saude.gov.br/hospicio/index.php
Pesquise:
Os delírios da razão: médicos, loucos e hospícios. Rio de Janeiro, 1830-1930 (Magali G. Engel, 2001).
Suspeitos em observação nas redes da psiquiatria: o Pavilhão de Observações, 1894-1930. (Cristiana Facchinetti; Allister T. Dias; Pedro F. Neves Muñoz, 2011).
Ciência psiquiátrica e política assistencial: a criação do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil (Ana Teresa A. Venancio, 2003).