Faz exatos 100 anos que a nossa UFRJ foi constituída, pelo Decreto n.º 14.343 (07/09/1920), como Universidade do Rio de Janeiro (URJ). A falta de uma tradição cultural para a educação influenciou a história do ensino superior no Brasil, que até pouco tempo era um privilégio das elites. A URJ foi constituída a partir da reunião de três escolas superiores: Escola de Engenharia (oriunda da Academia Real Militar, em 1810); Faculdade de Medicina (criada no Real Hospital Militar, em 1832); e Faculdade de Direito (criada, em 1891, unindo as Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais e Faculdade Livre de Direito da Capital Federal). Não havia a ideia de um “espírito universitário”, com troca de saberes.
Mais tarde, sob o comando de Gustavo Capanema, foi reconfigurada e renomeada Universidade do Brasil (UB), pela Lei n.º 452 (05/07/1937), projeto proposto, inicialmente, por Francisco Campos, em 1930. A ideia era de um centro dinâmico de produção de conhecimento, para investigações técnicas, pesquisas científicas e atividades filosóficas e artísticas. Como um modelo nacional de formação superior, previa 15 escolas ou faculdades, denominação de “nacionais”, e 16 institutos, a exemplo de cursos superiores de Química, Filosofia, Metalurgia etc.
Em 1949, a UB instalou seu Campus na Praia Vermelha (a partir da reforma das estruturas do antigo Hospício de Pedro II, inaugurado em 1852), criando espaços para novas unidades acadêmicas, como a Escola de Educação Física – que chegou a ocupar as instalações que hoje abrigam a Casa da Ciência. Mas isso é outra história, voltaremos a ela em outro post!
No governo Castelo Branco, a UB virou Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pela Lei n.º 4.759 (20/08/1965), as universidades e escolas técnicas da União foram qualificadas de “federais” e a denominação do respectivo Estado. Uma nova organização vinculou as unidades e os institutos em centros acadêmicos, ainda existentes: Centro de Ciências da Saúde (CCS), Centro de Letras e Artes (CLA), Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Centro de Ciências da Matemática e da Natureza (CCMN), Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) e Centro de Tecnologia (CT).
Na década de 1970, com a Reforma Universitária, prevista na Lei n.º 5 540 (28/11/1968), foi aprovado o estatuto da UFRJ, visando: aperfeiçoar a formação de pesquisadores e professores; produzir pesquisa científica, tecnológica e filosófica; incentivar a produção artística e literária; difundir a cultura em todos os níveis; atuar no processo de desenvolvimento do país, entre outros objetivos e metas. Foram tempos marcados por muitas críticas ao modelo elitista de ensino, distante da nossa realidade social.
Por volta de 1950, começou o projeto de um “campus” que unisse geograficamente as unidades, dando forma à Cidade Universitária, na Ilha do Fundão. E, em 1973, foi determinada a mudança das unidades da Praia Vermelha para a Cidade Universitária, com a venda de prédios da área e aplicação dos recursos nas obras da Ilha do Fundão, mas resistências da comunidade universitária impediram que o Campus da Praia Vermelha fosse totalmente desativado. Infelizmente, a ameaça ainda paira sobre esse patrimônio edificado.
No início do século XXI, a UFRJ passou por um processo de expansão e democratização de acesso e, hoje, possui quatro campi: Cidade Universitária, na Ilha do Fundão; Praia Vermelha, no bairro da Urca; Macaé, instalado na cidade de Macaé; além do Complexo Avançado de Xerém, em Duque Caxias. Em cada um, há mais um mundo de outras histórias.
Que tal buscar mais informações sobre a UFRJ? Uma visita a um dos seus campi pode ser uma experiência bem legal. Quando for possível, aventure-se!
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Referências:
História, memória e instituições: algumas reflexões teórico-metodológicas para os trabalhos do Projeto Memória-SIBI/UFRJ (Antonio José Barbosa de Oliveira, 2008).
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): origens, construção e desenvolvimento. In: A Universidade no Brasil: concepções e modelos (Maria de Lourdes Albuquerque Fávero; Helena Ibiapina Lima, 2006).
Setenta anos de História na UFRJ, 1939-2009 (Norma Côrtes, 2009).
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http://memoria.sibi.ufrj.br/
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